domingo, 12 de fevereiro de 2012

Xícara Da Luz Francês - Fevereiro de 2012


Livro II – Xícara Da Luz Francês
Foi assim que Maria Da Luz, veio conhecer a capital, prenha e sem marido. 
Quando chegou a casa de Américo Joaquim, não teve a vida fácil, seu irmão condenava-a e sua cunhada não a suportava, e por isso, decidiu sair a procura de uma patroa, para quem pudesse trabalhar e também viver. Não tardou muito essa procura, pois depressa encontrou uma patroa que viria a ser quase como sua segunda mãe.
Em casa dos Francês, Maria da Luz passou uma gravidez tranquila e sem percalços. Até ao dia vinte e dois de Novembro de mil novecentos e setenta e oito, quando disse para a sua patroa – “a nossa Xícara vai nascer”.
Xícara da Luz Francês. Foi sua madrinha, patroa de sua mãe que lhe escolheu o nome. Pois em sua casa não se usavam chávenas apenas xícaras, um real desatino para Maria da Luz aprender a palavra, nunca tinha ouvido tal coisa na sua terra, além disso soava muito chique ao pé das amigas, dizer que a sua afilhada chamava-se Xícara. O apelido também era o de seu padrinho, pois nunca tinha conhecido o seu pai, nem tão pouco sabia o seu nome. Apenas herdara Da Luz de sua mãe, pois quando nasceu tinha a pele lisa, cor-de-rosa e era a coisa mais brilhante que Maria da Luz já tinha visto.
Aos cinco anos, Xícara, já falava francês e português, já tocava piano, e tinha aulas de ballet. Mas o que a menina gostava mesmo eram os quadros expostos no escritório do padrinho.
Decidiram assim, os Francês, enviar a menina para estudar nas melhores escolas de Paris. Xícara voltava a Portugal sempre que o colégio lhe concedia pausas e os padrinhos faziam visitas regulares à sua afilhada. Foi crescendo sempre muito só mas como costumava dizer em cada pessoa via um amigo, tentava sempre e acima de tudo ser feliz com quem se cruzava e com quem mantinha contacto.
O seu traço mais característico era a busca incessante por tudo o que a fascina-se. Aliás coisa que fazia desde pequena. Nunca deixava ninguém se intrometer nisso. Recordava-se de sua mãe, proibir a entrada no escritório do padrinho para ver os belos matisses e picassos, nunca a conseguiu segurar por muito tempo. Para xícara o mundo não tinha preto, era repleto de cores, e apenas faltava luz em algumas partes, essa luz era a alegria e a felicidade que ela tentava transmitir com a sua cor.
Quando acabou o ensino básico, foi hora de escolher o percurso profissional, mas Xícara já o sabia há muito tempo, iria seguir design de moda. Esta escolha foi natural, pois desde sempre, seguia o hábito de sua madrinha, desenhar a sua própria roupa, juntando isso ao seu gosto pelas artes e pela cor, Xícara, e suas professoras concordaram, achou o caminho mais correcto a seguir.
Em 2003, com vinte e cinco anos, Xícara vivia intensamente tudo o que a rodeava, apaixonando-se por tudo o que via. Tinha terminado o curso haviam três meses e já tinha uma proposta de trabalho irrecusável em Paris, para desenhar uma colecção de jóias para a cadeia de joalharias mais importante da cidade. Xícara andava literalmente nas nuvens. É no meio deste estado de espírito, que Xícara recebe a notícia que sua mãe está muito doente e que sua madrinha pede para ela voltar para Portugal, para junto delas.
Sua mãe viria a falecer, decorridos dois meses da sua chegada a Portugal. Sua madrinha estava viúva, já para mais de sete anos, então Xícara decide ficar, e fazer companhia a esta mulher que se via sozinha, sem nunca o ter estado. É assim que prolonga a sua permanência por Portugal, decidida a que todos os lugares têm um encanto próprio, e que já se sentia a apaixonar-se por este país a beira-mar plantado.
As coisas negativas da vida não a marcam e rapidamente são coisas que esquece. Apercebe-se do rumo natural da vida e por isso não lhes dá importância. Assim decidi que seria uma cidadã do mundo e que quando sua madrinha falecesse, percorreria o mundo e apaixonar-se-ia por todos os sítios por onde passasse.
E é assim que Xícara passa os seus dias, a passear por Alvalade, a ver os jogos do Europeu, a Cantarolar a sua música com um sotaque francês, na sua busca incessante por algo que a inspire, para transmiti-lo no seu trabalho.

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