sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Fase da Infância  
A minha infância, penso que foi como de qualquer órfão, ou seja Todos aqueles que foram deixados sem cuidados dos pais: que foram deixados em maternidades, aqueles, que foram recusadas pelos pais vivos, crianças cujos pais perderam o pátrio poder, crianças, cujos pais são colocados em prisão, as crianças, cujos pais foram mortos ou muito doente, e está em tratamento a longo prazo em diversos hospitais, também tive alguns amigos órfãos, inválidos, excelentes amigos ate a adolescência todavia, por força do destino perdi contacto, pois crescemos e fomos cada um para seu lado.
Ate aos doze anos fomos a praia juntos e existia uma grande cumplicidade com o nosso colega órfão Tuti, pois se nós pensávamos que éramos infelizes o nosso colega dizia o contrario, como se não bastasse ser órfão ainda tinha uma deficiência na mobilidade. O nosso colega “deficiente” chamava-se Tuti, ele pensava ser descendente de italiano dai ter escolhido este nome para ele e não o que lhe puseram, Francisco, era o melhor amigo que se podia ter e para compensar fazíamos por ele algumas coisa que ele sozinho não conseguia. Como ajudar a vestir e despir, como andar de bicicleta, sentávamo-lo no meio e lá íamos nós ao sabor do vento. Perdi o contacto com ele, foi transferido para outra casa e perdemos por completo o contacto dele, ainda tenho esperança de o ver um dia.
Fase da Adolescência
Recordar os anos da minha juventude em Belém, casa pia, traz de volta lembranças esparsas e imagens complicadas. Dentre elas, porém, há alguns quadros completos que estão gravados profundamente em minha mente.
A escola tinha cerca trinta alunos, bem jovens e alguns um pouco mais velhos, por sala. O professor era um grande erudito. Estudávamos e estudávamos. Apesar disso, sob aquelas difíceis circunstâncias, todos adquirimos grande conhecimento.
Também aprendemos relojoaria, que revelou uma nova dimensão para a vida. Reconheci um novo mundo, o dos relógios, é esplêndido. Passei a ver a realidade de outra maneira. A minha sede de conhecimentos era grande; não era preciso me forçar a estudar; queria sempre mais e via que acontecia o mesmo com alguns colegas meus, éramos órfãos e jovens, prestes a ser adultos e ansiávamos a independência.
Neste momento Tenho 20 anos e uma namorada que amo e espero casar e ter filhos para dar a eles aquilo que nunca tive, pais. As vezes sinto algum ressentimento, é mais forte do que eu, os pais da minha namorada ainda estão vivos, ela ainda tem os seus pais e eu nunca tive, não percebo este sentimento que por vezes me domina, eu ate gosto dos pais dela, eles tratam-me muito bem. O que aprendi ate agora, com vinte anos, foi que é possível ser feliz mesmo que ainda sem pais, tudo depende de nós, não podemos culpar ninguém pelas nossas decisões e pelos nossos erros.
Tenho vinte anos e ao princípio o meu sonho era ter pais que me amassem, que me abraçassem, que me dessem carinho; desejo esse que ao longo dos tempos inevitavelmente se foi desvanecendo, desejando agora, ter um filho para poder amar, abraçar, dar carinho uma identidade, a minha… esta tudo nas nossas mãos, por isso desejo coragem e força, muita força, para lutar e vencer mesmo sem pais para nos apoiar, sim é possível e eu Adalmiro Rouxinol é prova de isso. A única coisa que tinha quando me encontraram foi um papel com o meu nome e venci mesmo assim. Sou um relojoeiro e independente e se eu fui capaz, apesar de alguns altos e baixos ao longo da minha vida vocês também são, lutem pelos vossos sonhos, contornem as rasteiras que a vida nos dá e acima de tudo sejam felizes que a vida é dois dias.


Adalmiro Rouxinol

Sem comentários:

Enviar um comentário