terça-feira, 13 de julho de 2010

Jerónimo Pardal, 68 anos


Tenho sessenta e oito anos, chamo-me Jerónimo Pardal e só agora descobri o meu primeiro nome. Sempre fui, até este momento, o Prof. Pardal. Há dezoito anos que ando por aqui, a servir de pretexto para a criação de personagens na Escola de Enfermagem de Lisboa. Primeiro na ainda Escola de Enfermagem Calouste Gulbenkian. Entretanto já conheci o pólo da Francisco Gentil e o da Maria Fernanda Resende, onde estou agora. Fui criado em 1989, no começo de um ano no ATL da Quinta da Calçada, quando toda a equipa do ATL resolveu criar um alter-ego para a festa de abertura. Eu assumi o papel de inventor de coisas estranhas, por vezes esquisitas, algumas parecendo até despropositadas.


Tenho sessenta e oito anos já vão dezoito anos portanto. Se fosse uma pessoa teria oitenta anos. O meu autor tinha 29 anos quando me criou e agora tem 48. Qualquer dia apanha-me. E ultrapassa-me, espero, não lhe quero mal algum.


Fui casado com a Gertrudes. Morreu e está no céu. Em noites de lua cheia vou à janela e falo com ela. Ralho-lhe muito, por me ter fugido, assim, tão cedo. Sinto-me muito só. Às vezes vou ao Centro de Dia jogar umas cartas, mas não é a mesma coisa. Eu nem gosto de jogar às cartas.


A vida é uma coisa muito boa mas também pode ser muito triste. Até agora o corpo tem-me ajudado, não se nega aos esforços que lhe peço, vai para cima, vai para baixo.


Amanhã vai ser um dia bom. Estou ansioso por conhecer o grupo sénior, a D. Clara, a D. Arlete, o Alex Timont, o António Serrano, o Sr. Quintas, o António Pereira Calhau, a Sr. Kadisja, o Amilcar e o Napoleão Pernanbuco. E também, claro, os mais jovens. Vou-me deitar. Se me for deitar agora o dia daqui a nada é amanhã.


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