terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O Dia do Apêncice - Quando surgiram as Dores na Maria?

A Maria sempre foi uma pessoa normalíssima. Em criança raramente estava doente, nem as viroses normais por que todas as crianças são apanhadas lhe chegavam. Nunca teve que recorrer às urgências, e as consultas médicas que teve foram unicamente de rotina. Maria era nesta altura uma pessoa saudável!!! Daquela boca não saiu uma única queixa álgica ou demanda de analgésicos até ao Dia do Apêncice.


O Dia do Apêndice iniciou-se sem nenhum tipo de alteração ou sinal que fizesse prever o que se viria passar mais tarde. A Maria tinha nesta altura cerca de 16 anos, estudava numa escola secundária na região de Torres Vedras, onde sempre viveu desde a nascença com os seus pais. Não tem irmãos, e a família mais próxima nas redondezas além dos pais são os avós, que vivem na mesma rua que ela. Nesse dia, a Maria tinha aulas às 8h. Chegou às aulas pontualmente, como era seu costume, e só no final dessa aula começou a sentir uma certa pontada no lado direito da barriga à qual não deu muita atenção. Passou todo esse dia sem queixas, apesar da dor ter piorado de forma progressiva, e não deixou de fazer nenhuma actividade por causa dessa dor. Só à hora de jantar a Maria manifestou junto da mãe uma ligeira falta de apetite, que a mãe estranhou, procurando saber um pouco mais sobre o que poderia estar na sua origem. Logo se apercebeu da tal dor, que foi durante o dia todo desvalorizada pela Maria, tendo imposto de imediato uma ida às urgências, visto que estar doente não era nada de comum na Maria. Foi então que o médico descobriu que a Maria tinha uma apendicite e que devia ser operada de urgência.

Os problemas começaram no pós-operatório. Quando a Maria acordou tinha muitas dores na região da incisão, e sentia-se tonta com a anestesia. Nunca tinha experienciado tamanho mal-estar!!! Este desconforto é novo para a Maria. Mas o que despultou o medo tamanho que ela enfrenta no seu dia-a-dia, a agonia permanente, os ataques de pânico, a dor generalizada, não foi esta experiência inaugural de mal-estar, mas sim o discurso que o médico cirurgião teve no pós-operatório. Começou por questionar a razão que a fez ir tão tarde ao médico, insistindo muito nesta questão. A Maria respondia sempre que não achava que aquela dor seria tão grave, e que possivelmente passaria. O médico continuou a insistir na questão pondo em causa não só a competência dos pais da Maria, como ainda a importância que a própria Maria dava a si própria, ao seu bem-estar e à sua vida! Isto deixou-a muito transtornada, levando-a a pensar que a sua despreocupação com o estado físico a poderia ter levado à morte.



E foi a partir daqui que a minha querida Maria das Dores Forte, antigamente chamada apenas de Maria, passou a querer ser chamada de Maria das Dores, tendo tomado este segundo nome como um estado permanente. Será que algum dia vai querer ser chamada de Maria Forte?

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